Escritora milionária é acusada de matar o namorado com um picador de gelo. Tem a seu favor e contra, ter escrito um livro que relata de forma muito próxima o crime. A dúvida é levantada. Será que Catherine Tramell escreveu a história como álibi de seu crime ou alguém leu a história e assassinou o rapaz com o intuito de incriminar a escritora?
À medida em que a investigação avança Catherine se envolve com um dos policiais que a vigia, o detetive Nick Curran, com a intenção de escrever um novo livro baseado na vida dele.
Na primeira imagem do filme temos a impressão de vermos movimentos de corpos nus por trás de um mosaico de vidro. Uma interpretação desta cena inicial é mostrar que a trama será como estas imagens, confusa, sem definições, envolvimento entre pessoas e sexo.
A cena seguinte inicia-se com um casal fazendo sexo e nos leva a crer que é uma continuação, sem desconfigurações, da imagem anterior, agora de forma nítida. Na mesma medida em que é sensual, ela acaba de forma brutal fazendo nosso subconsciente trabalhar arrastando estas imagens por todo o filme e de forma intencional, fazer com que tiremos conclusões precipitadas nos momentos cruciais.
Prestem atenção quão inteligente Catherine é. Suas falas, os jogos de palavras e seu desprendimento de pudor que a ajudam manipular situações e induzem outros a seguir o caminho que ela espera, tanto em afastar a ideia de ser suspeita, como o inverso.
Ao mesmo tempo, observem as atitudes da dra. Beth Garner (Jeanne Tripllehorn). Conforme a trama caminha, ela se torna cada vez mais dúbia e mascarada. Ora sensível e frágil, ora vingativa e ardilosa.
Para quem gosta de perseguição de carros há uma cena em que Catherine dirige seu Lotus e o detetive Nick um daqueles sedãs típicos da polícia, um Plymouth marrom metálico de uma década anterior. Chega a ser inverossímil o motivo da perseguição, pois o policial não é nada discreto no modo de seguir os passos da suspeita, o que provoca nela uma certa ira indo pela estrada de forma inconsequente. De qualquer forma é divertida e causa apreensão, como uma boa perseguição.
O filme tem cenas de erotismo e, por vezes, no limite do pornográfico. Há para todos os gostos. Algumas cenas sensuais, outras quase pornográficas e, uma em especial, quando Nick segura à força a dra. Beth numa cena intensa, quase brutal, instigante, mas muito erótica.
Como um bom suspense, Instinto Selvagem é repleto de armadilhas, mas se o espectador estiver atento e já é treinado para algumas situações de roteiro, não cairá na maioria delas, talvez por serem óbvias demais. Não há surpresas interessantíssimas o que também faz com que os espectador se sinta praticamente como um detetive muito perspicaz, por antever algumas situações e vê-las serem confirmadas adiante.
Não se preocupem com a duplicidade e falta de clareza do desfecho final. Afinal, o filme joga o público, de um lado para o outro, sem pudor. Portanto, se não chegarem a uma conclusão definitiva será natural, após tanta oscilação de fatos o mínimo é que o espectador chegue desorientado no final mesmo.
(Re)ver Intinto Selvagem é arrumar assunto para, no mínimo, uma boa conversa de bar a respeito de quem é a verdadeira culpada, mas principalmente, se as cruzadas de perna e o desfile sem roupas de Sharon Stone são dignos de uma pausa na discussão, para pedir mais um chopp.
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