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Sabe aqueles filmes de ontem e anteontem que você viu e já esqueceu ou nunca viu, mas tem certeza que sim? Então! Dá uma olhada nestes aqui. Quem sabe ajudamos você a relembrar algumas cenas, elementos curiosos que aparecem nas imagens, ou mesmo, dizer algo que você realmente não viu. E, se não incluímos um detalhe, que você acha importante, comente e enriqueça as análises. Divirta-se!

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quarta-feira, 24 de março de 2010

Como Roubar Um Milhão de Dólares (1966), de William Wyler


Bonnet (Hugh Griffith) é um homem milionário e vive numa bela casa com sua filha Nicole, em Paris. Ele, além de rico e bem relacionado, falsifica famosas obras de arte e, tempos depois, as põe à venda em leilão.

Vale ressaltar quão bela é a sala de leilão. Com um vermelho intenso é elegante e, ao mesmo tempo, bem diferente de outras que estamos acostumados a ver em filmes.

Nicole ouve no rádio de seu carro o resultado de uma venda de um quadro de Cèzanne, pintado por seu pai, que foi vendido pelo valor de US$ 500,000. Ela fica furiosa e vai para casa dizer ao seu pai que ele passara dos limites e, se não encerrasse suas atividades ilícitas, ele poderia parar na prisão. Bonnet diz que irá considerar. Esta cena é bem curiosa, pelo fato de o pai ter um esconderijo dentro de um armário. É fantástico.

Logo em seguida, a polícia chega, em diversos carros, motos e até um furgão, na casa de Nicole. Ela fica assustada, pois acredita que descobriram a farsa de seu pai e o levarão preso. Mas, na verdade, Bonnet explica que eles estão ali para levar por empréstimo uma estátua de Vênus, esculpida por Cellini avaliada em US$ 1,000,000 que será exibida no museu Kléber-Laffayette, em Paris.
O problema é que a obra foi esculpida pelo pai de Bonnet e, mais uma vez, ele está numa situação de falsificação. Os policiais levam a estátua para o museu, mas ninguém desconfia da autenticidade da peça.

Dias depois, Nicole está em casa, sozinha e ouve um barulho. Desce as escadas e percebe um invasor em sua sala tentando furtar um quadro, supostamente de Van Gogh. Ela o surpreende e ele pede desculpas, afinal parece ser um ladrão com excelentes modos. Os dois conversam, ele se apresenta como Simon Dermott (PeterToolle). Diz que furta obras de arte de grande valor , sob encomenda, para vender a milionários interessados. Ele a convence em deixá-lo ir embora. De repente, a arma que estava na mão de Nicole dispara e acerta o intruso. Após o susto, ela decide levá-lo à sua casa, que na verdade é o hotel mais caro e luxuoso de Paris, o Ritz. Chegando lá ele dá um beijo em Nicole e pede para que marquem um novo encontro.

Percebam o momento em que Nicole ouve o barulho do invasor. É citado, em outras análises do blog, as diferentes formas em que Alfred Hitchcock aparece em seus filmes. E, não é que, apesar de não ter influência direta neste filme, ele aparece, de uma forma inusitada e engraçada. Cara de Hitchcock, corpo de Hepburn. Divertidíssimo.

Após a estátua estar no museu, chega à casa de Bonnet um senhor da seguradora e pede que o dono da obra assine uns papéis relativos ao seguro da peça. Logo depois de assinar, o corretor diz que será realizado um teste de autenticidade na escultura.

Bonnet se desespera e Nicole também, afinal todos os trambiques serão descobertos. De repente, Nicole lembra-se do ladrão que esteve em sua casa e pedirá a ele que roube a estátua do museu para que seu pai não seja descoberto. Dermott aceita e o plano mirabolante começa a tomar corpo.
Prestem atenção nas roupas e nas jóias de Nicole criadas pelas marcas Givenchy e Cartier, respectivamente. Muito elegantes. Uma das combinações mais marcantes ocorre quando a protagonista encontra-se com Dermott para oferecer-lhe o plano do furto da escultura. Em primeiro lugar, percebam como seus olhos brilham de forma quase tão intensa como seus brincos de brilhante.

Em segundo, no desenho de sua roupa. A protagonista está toda de preto, com uma máscara negra de renda, parecendo fazer referência a dois personagens famosos. Primeiramente à mulher-gato, dos quadrinhos de Batman. E, de forma mais direta, à personagem Frances Stevens (Grace Kelly) no filme Ladrão de Casaca (1955), de Alfred Hitchcock. Este filme também se passa na França e, o mais interessante, é seu nome em inglês "To Catch A Thief", ou seja, em tradução livre, "Para Pegar Um Ladrão". E é exatamente o que Nicole faz.

A execução do plano é muita divertida, repleta de suspense e surpresas. Uma dos personagens mais engraçados do filme surge nesta sequência. O segurança bigodudo (Mustache), além de tomar uns goles de vinho, entre uma ronda e outra, posiciona seu bigode para cima, a fim de demonstrar alegria e para baixo para demonstrar tristeza. Sutil e hilário.
O fim se revela de forma surpreendente, com um desfecho feliz, digno de uma boa comédia hollywoodiana. Aliás, o roteiro é ótimo, de ponta a ponta, e aumenta a curiosidade do espectador conforme a trama avança.

(Re)ver Como Roubar Um Milhão de Dólares é, de certa forma, torcer pelos "bandidos" e dar boas risadas com eles, se deixar levar pela fantasia e personagens caricatos que uma boa história proporciona e deixar de lado, por duas horas, o senso de justiça, em troca de boas risadas. Afinal, em um mundo fantástico como o das telas, podemos nos dar este luxo. A começar por Nicole com seus Givenchy´s e Cartier´s.

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