Antes de (re)ver um filme, dá uma olhada aqui!

Sabe aqueles filmes de ontem e anteontem que você viu e já esqueceu ou nunca viu, mas tem certeza que sim? Então! Dá uma olhada nestes aqui. Quem sabe ajudamos você a relembrar algumas cenas, elementos curiosos que aparecem nas imagens, ou mesmo, dizer algo que você realmente não viu. E, se não incluímos um detalhe, que você acha importante, comente e enriqueça as análises. Divirta-se!

Pesquisar este blog

terça-feira, 23 de março de 2010

Tony Manero (2008), de Pablo Larraín


Raul Peralta (Alfredo Castro), tem 53 anos e é um imitador do personagem Tony Manero - interpretado por John Travolta no filme Os Embalos de Sábado À Noite (1977), de John Badham - que está em seu auge, nos cinemas. A história se passa na década de 1970, no Chile.

Raul se inscreve em um programa de TV a fim de participar de um quadro de imitadores de Tony Manero. Ocorre que, apesar de não ser um grande empecilho, a idade já faz diferença. Além disso, vemos claramente que o protagonista é ou está decadente, pois não sabemos, durante a trama, sobre seu passado.

Ocorre que, apesar de Raul buscar um sonho de se tornar (re)conhecido por suas aptidões artísticas, também não se importa em cometer alguns crimes cruéis, sem propósito, de forma equivocada e absurda para atingi-lo.

Reparem na cena em que o protagonista observa uma senhora ser atacada por três jovens na rua. Ele sai de seu apartamento, em um bairro decadente, vai ao encontro da vítima e a ajuda a levá-la em casa. A partir daí, temos um clima de que algo não acabará bem, mas pela atitude de Raul, em ajudar a pobre senhora, acreditamos que nada sério ocorrerá. Mas, o desfecho da cena não é nem um pouco amigável, pelo contrário, é forte, impactante e tem a intenção, logo no início do filme, em deixar o espectador atônito.

E o filme inteiro é assim. Violento, intrigante, sujo. Não sabemos, ao certo, o rumo da trama e quais outras surpresas ocorrerão.

A época tratada no filme ocorre em um Chile, sob ditadura militar no comando do general Augusto Pinochet. Vemos um país tenso, com o exército fazendo ronda nas ruas e a população privada em diversos aspectos.

Apesar de Raul ter um ar cansado, auto-estima baixa, ser egoísta ao extremo, frustrado, descontrolado, sem dinheiro e viver de favores e trambiques, é cercado por mulheres, também decadentes, mas que veem nele algo que as atrai disputando sua atenção, sexual inclusive (apesar de estar impotente). Ele dá as cartas nos ensaios de dança, maltrata a todos e, mesmo assim, as pessoas que o cercam voltam a quase que implorar sua atenção, numa espécie de bumerangue de maus tratos coordenado por ele.

O filme se destaca pela direção de arte, fotografia, design de produção e muito, pelo excelente trabalho do ator Alfredo Castro que dá um ar quase grotesco ao personagem.

(Re)ver Tony Manero é perceber as formas infinitas de desdobramentos de histórias e personagens que a criatividade humana pode oferecer. Pra melhor ou pior. Basta você julgar, como Raul foi julgado no fim do filme.

Um comentário: