Antes de (re)ver um filme, dá uma olhada aqui!

Sabe aqueles filmes de ontem e anteontem que você viu e já esqueceu ou nunca viu, mas tem certeza que sim? Então! Dá uma olhada nestes aqui. Quem sabe ajudamos você a relembrar algumas cenas, elementos curiosos que aparecem nas imagens, ou mesmo, dizer algo que você realmente não viu. E, se não incluímos um detalhe, que você acha importante, comente e enriqueça as análises. Divirta-se!

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terça-feira, 16 de março de 2010

Disque M Para Matar (1954), de Alfred Hitchcock


Margot (Grace Kelly) tem um amante chamado Mark Halliday (Robert Cummings) que está de volta à cidade. Na época em que se conheceram, ela não vivia um bom momento em seu casamento com o ex-tenista Tony Wendice (Ray Milland). Mas, ao se encontrarem no apartamento de Margot, ela diz a Mark que está tudo bem em seu relacionamento com o marido e pretende romper com o amante. Eles se beijam, como um último momento daquela relação.

De repente, ouvimos um barulho na porta de entrada. Sabemos que é o marido. Mas, Margot já havia avisado Tony que um amigo a visitaria em sua casa. Esta cena é belíssima e sutil. Quando Tony está para entrar vemos as sombras do casal refletidas na porta se separando, pois cada um vai para um lado e, no meio das sombras vemos o marido entre elas.

Prestem muita atenção em dois momentos fundamentais no início da trama. Na história contada por Margot a Mark sobre a chantagem sofrida por ela e sobre a forma de pagamento. E, na conversa entre Taylor e o Capitão Lesgate (Anthony Dawson), desde o telefonema até o capitão sair do apartamento do tenista. É brilhante a forma como Lesgate é envolvido no plano de Taylor. E, nesta última sequência, observem como Hitchcock aparece de forma inusitada.

O roteiro, a respeito do jogo de tênis, parece sempre arremessar a culpa ou a intenção de cometer o crime para o outro e, quem recebe, tenta devolver o problema de volta. Reparem como Taylor induz Mark (escritor de histórias policiais) a dizer como seria uma história policial em que ocorresse um crime perfeito. É curioso notar como, ao mesmo tempo, o personagem explica as ações fundamentais do plano do tenista e quais elementos deve-se conter em um filme como o que estamos assistindo.

Quando ocorre a cena de assassinato temos a impressão de que o filme chegara ao seu fim. O que Hitchcock consegue atingir neste ponto é quase um clímax no meio do filme ou dois filmes dentro de um só. Primeiro o assassinato de Margot, depois o que ocorrerá com Taylor, o mandante do crime. Acontece que, não seria Hitchcock se não houvesse surpresas e reviravoltas na trama. É surpreendente o que ocorre a partir do momento em que Margot atende ao telefone.

Outra técnica do diretor utilizada de forma precisa é o fato de nos antecipar o que vem a seguir, fazendo com que o espectador tenha a impressão de chegar a conclusões antes de serem confirmadas. Por exemplo, quando o inspetor Hubbard (John Williams) pede que Mark escreva em um papel o endereço do hotel em que está para poder interrogá-lo em breve. Ao fazer isto, Hitchcock aproxima a câmera e dá destaque às mãos e ao ato de escrever do amante fazendo com que deduzíssemos que Hubbard iria associar a letra de Mark à carta encontrada no bolso do criminoso e descobrindo que Mark era o amante de Margot.

Ao juntar as peças e deduzir o que ocorreu Hubbard narra, passo-a-passo, como o crime foi arquitetado por Taylor e, à medida em que, o inspetor descreve o que vem a seguir e as atitudes se confirmam há uma intensa apreensão e ansiedade, tornando o suspense cada vez mais acentuado, pois temos a impressão de que algo sairá do previsto e nova reviravolta ocorrerá.
(Re)ver este filme com o olhar voltado à trama carregada de surpresas e suspense é enriquecedor e se puder agregar a isso como se a história fosse uma partida de tênis poderá ser duplamente surpreendente.

Tratando-se de duplas interpretações, percebam o filme como Margot e Mark vs. Taylor e Lesgate, tendo como juiz o inspetor Hubbard. É incrível. É Hitchcock.

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