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Sabe aqueles filmes de ontem e anteontem que você viu e já esqueceu ou nunca viu, mas tem certeza que sim? Então! Dá uma olhada nestes aqui. Quem sabe ajudamos você a relembrar algumas cenas, elementos curiosos que aparecem nas imagens, ou mesmo, dizer algo que você realmente não viu. E, se não incluímos um detalhe, que você acha importante, comente e enriqueça as análises. Divirta-se!

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terça-feira, 16 de março de 2010

Kagemusha - A Sombra do Samurai (1980), de Akira Kurosawa


A história se passa no ano de 1573. Kagemusha (Tatsuya Nakadai) é um ladrão que cometeu pequenos delitos, mas foi condenado à pena de crucificação. Por sorte, o irmão de um dos mais importantes senhores feudais Shingen Takeda (Tatsuya Nakadai) reconheceu no bandido uma inacreditável semelhança física com seu irmão.

Por conta disto, livrou o bandido da pena em troca de poder substituir Shingen caso este não pudesse aparecer em público por alguma razão ou mesmo falecesse.

Em determinado momento da trama, Shingen é atingido com um tiro, mas antes de morrer pede aos seus subordinados que coloquem em seu lugar Kagemusha, por três anos, a fim de se estruturarem e não perderem o poder, pois ao saberem que o guerreiro havia morrido, uma batalha entre os clãs seria inevitável.

A mensagem principal que o filme transmite é de como, aos poucos, um bandido vai se transformando em um homem honrado e altruísta. Não chega a ser um herói, mas começa a perceber que a vida lhe deu um novo recomeço e ele pode aproveitar aquilo.

Na primeira cena, vemos o irmão de Shingen, Nobukado Takeda (Tsutomu Yamazaki) numa sala convencendo o guerreiro de que aquele bandido servirá de sósia. Reparem que, a todo instante há apenas uma sombra na sala e esta posiciona-se fixamente atrás de Shingen.
Francis Ford Coppola e George Lucas apoiaram o projeto de Akira Kurosawa neste filme. Tendo esta informação em mãos, reparem a semelhança entre algumas cenas de guerra de Kagemusha e a cena de guerra no filme Dracula (1992) de Coppola. Vemos um belíssimo efeito de uma espécie de teatro de sombras em que aparecem apenas a silhueta negra dos combatentes sob um céu avermelhado. Em Dracula há clara referência ao diretor Akira Kurosawa. Já em Kagemusha, há novamente outro modo de referenciar a sombra. É muito bonito.
A partir do momento em que Kagemusha assume o lugar do falecido senhor Feudal Shingen começa um jogo de suspense durante boa parte do filme, pois a todo instante em que o bandido é exposto como Shingen ocorrem fatos que põem em xeque a autenticidade da figura. E, a cada nova situação, caímos na mesma armadilha e ficamos apreensivos em acreditar que, desta vez, não há mais como esconder a morte do guerreiro feudal.

O trabalho de figurino é muito bem feito. A qualidade visual das vestimentas na tela é impecável.

Akira Kurosawa mostra de forma primorosa uma sequência onírica de Kagemusha. Parece um quadro vivo, uma pintura. Ou em outro momento quando há um arco-íris na praia. Percebe-se claramente a artificialidade, o anti-naturalismo e o exagero do fenômeno natural, mas aí é que está a mágica. Ao vermos esta imagem temos a oportunidade de apreciar, quase em transe, um efeito belíssimo que se fosse congelado por alguns segundos não faria mal à narrativa e muito menos aos olhos.

Além da beleza estética, é muito bom (re)ver Kagemusha e (re)descobrir o personagem como um ser humano tendo a oportunidade de mudar sua vida, escolher fazer nascer ou renascer sua hombridade e o sentimento de fazer parte de algo importante e ver renascer o sentimento de amor pelo próximo e ter pelo que lutar arrisacando sua vida, pois após perder tudo o que lhe foi dado só resta dar sua vida por aquilo, como um último e glorioso suspiro.

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