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Sabe aqueles filmes de ontem e anteontem que você viu e já esqueceu ou nunca viu, mas tem certeza que sim? Então! Dá uma olhada nestes aqui. Quem sabe ajudamos você a relembrar algumas cenas, elementos curiosos que aparecem nas imagens, ou mesmo, dizer algo que você realmente não viu. E, se não incluímos um detalhe, que você acha importante, comente e enriqueça as análises. Divirta-se!

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terça-feira, 16 de março de 2010

Entre Dois Amores (1985), de Sydney Pollack




Karen Blixen foi uma escritora dinamarquesa do séc. XX. Escreveu, entre outros livros, sua passagem pelo continente africano, mais especificamente no Quênia. E é sobre este livro e este período de sua vida que o filme trata.

É uma história que envolve conquistas, amores, decepções, mas fundamentalmente, vontade de seguir em frente e lutar pelos seus ideais.

Karen (Meryl Streep) é uma mulher separada e, por punição da sociedade se vê obrigada a não ter novos pretendentes, apenas alguns amantes. De família rica e bem relacionada, acaba se envolvendo com dois irmãos gêmeos que ostentam o título de Barão, apesar de estarem quebrados financeiramente. À negativa de um dos irmãos Bror Blixen (Klaus Maria Brandauer) de assumir Karen como namorada/esposa, ela propõe ao outro irmão, Hans, que aproveitem a oportunidade de explorar as terras de colônias britânicas no Quênia. Ela entraria com o dinheiro e Hans com o título de Barão. Ele aceita e os dois partem para à África com o intuito de criar gado em uma fazenda.

Como o casamento foi de conveniência para os dois, Hans não vê porque ficar ao lado da esposa com frequência e muito menos ajudá-la na administração da fazenda que, inclusive, sem consultar Karen, ele mudou os planos de criação de gado para plantação de café. Após este primeiro atrito, Hans com muita mais frequência faz viagens longas pelo continente, a fim de caçar e afastar-se de Karen. Ela, por sua vez, deixa crescer um carinho enorme pelo marido o que não é suficiente para que ele se sensibilize e esteja mais presente na fazenda e no Quênia.
Neste meio tempo, Karen conhece Denys Finch e ao passar dos anos eles começam a se envolver, mas sempre com muito respeito, afinal, ela é casada. Quando Karen e Hans decidem se separar, Karen se entrega a Finch e os dois têm uma relação de intensa paixão, porém, ele também tem o costume de viajar pelo continente por conta de caçadas e negócios.
Apesar da situação parecer ser fora dos padrões, ainda mais se levarmos em conta à época da história, há no filme uma clara relação de respeito e tentativa de viver uma vida em busca da felicidade por parte de Karen, Han e Denys, o que torna a história mais interessante e encantadora.

Ele é sutil, em todos os aspectos. Há uma cena, muito sensual por sinal, em que Finch lava os cabelos de Karen. Observem o prazer no rosto dos dois e, no final, a espuma branca escorrendo entre os personagens. É de encher os olhos.

Além disso, é um filme para se apreciar e utiliza de cenário imagens belíssimas e paisagens quase infinitas, como um trem muito distante, finíssimo, cortando o campo árido entre as montanhas. É lindo, além de acalmar os olhos e o coração. Ou mesmo, as cenas em que o avião aparece, aliás objeto fundamental para a história.

Os filmes, necessariamente tem um cuidado e uma preocupação com as combinações de cores, as derivações de cores que guiará as técnicas aplicadas desde o figurino, composição dos cenários e das locações externas até a escolha das lentes a serem utilizadas nas câmeras de filmagem.
Em Entre Dois Amores podemos perceber como esta técnica é utilizada com o predomínio e alternância de cores utilizadas em duas espécies de camuflagem. As utilizadas pelo exército em áreas de deserto e outras em áreas de mata. Como nas imagens abaixo, percebam como há forte predominância destas derivações.






A história como um todo é triste, mas agarra o espectador muito pelo trabalho primoroso dos atores e, principalmente de Meryl Streep que faz o espectador se emocionar durante boa parte das cenas, mas uma em especial a ser destacada ocorre quando Karen conversa com o novo governador. É de dar nó na garganta, pois anteriormente vimos um acidente terrível na fazenda e a protagonista se vê obrigada a deixar o Quênia, mas está preocupada com o que ocorrerá com as famílias que vivem em seu território.

É uma grande lição de vida, aprendizado, tenacidade e vontade de viver que a história nos deixa.
Além disso, tem um trabalho artístico fantástico e faz com que as imagens fiquem em nossas memórias por um longo tempo.

No final do filme, sabemos que Karen Blixen escreveu sua primeira história em 1934 sob o pseudônimo de Isak Dinesen e, após deixar o Quênia, nunca mais voltou ao continente africano.

Para nossa sorte, podemos voltar quando quisermos às belas imagens e à boa história contada por ela e interpretada pelo excelente diretor Sydney Pollack (A Intérprete, 2005), a fim de rememorar a beleza que Blixen experimentou e pôde compartilhar com o mundo.

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